O efeito da Shopee e outros marketplaces no comércio varejista tradicional
- Equipe Sergio Schmidt Advocacia
- 7 de fev.
- 2 min de leitura

Nos últimos anos, o comércio varejista tradicional no Brasil tem enfrentado um cenário desafiador. Pequenas lojas, que por décadas foram a espinha dorsal do varejo em cidades de todo o país, agora se veem pressionadas por uma mudança drástica nos hábitos de consumo. As ruas comerciais e Shopping Centers, antes vibrantes e cheios de clientes, estão cada vez mais marcados por placas de "passa-se o ponto" e portas cerradas. Mas quem são os responsáveis por essa transformação?
A Ascensão Avassaladora da Shopee
Entre os principais agentes dessa revolução, a Shopee e outros marketplaces digitais assumem um papel de destaque.
O crescimento da Shopee no Brasil em 2024 é um retrato claro do impacto do e-commerce na economia nacional. Segundo estimativas do Itaú BBA, a plataforma asiática dobrou seu volume de vendas no país, movimentando impressionantes R$ 60 bilhões. Esse avanço consolidou a Shopee como a segunda maior plataforma do setor no Brasil, atrás apenas do Mercado Livre e à frente da gigante Amazon.
A principal estratégia da Shopee tem sido apostar em preços extremamente competitivos e na venda de produtos de menor valor agregado, tornando-se uma alternativa acessível para milhões de consumidores.
Pequenos Lojistas na UTI
O efeito imediato do crescimento da Shopee e de outros marketplaces é sentido diretamente nas lojas de bairro e nos tradicionais centros comerciais. Antes da popularização das compras online, muitos consumidores recorriam ao comércio local para adquirir roupas, eletrônicos e utensílios domésticos. Agora, com a facilidade de comprar com poucos cliques, preços mais baixos e frete cada vez mais rápido, os consumidores migram em massa para o digital, reduzindo drasticamente o fluxo de clientes nas lojas físicas.
Além da concorrência direta, os marketplaces impõem desafios estruturais para os comerciantes tradicionais. A experiência de compra no digital é impulsionada por cupons de desconto, frete grátis e variedade de produtos, vantagens que os pequenos lojistas dificilmente conseguem oferecer sem comprometer suas margens de lucro. O resultado? O encerramento de atividades de milhares de pequenos negócios.
O Futuro do Comércio Tradicional
Diante desse novo cenário, a pergunta que fica é: há saída para os pequenos lojistas? Especialistas apontam que a adaptação é inevitável. Investir em presença digital, explorar nichos específicos e oferecer um atendimento diferenciado podem ser estratégias para manter a relevância no mercado. Além disso, parcerias com marketplaces, embora pareçam paradoxais, podem ser uma alternativa para pequenos comerciantes expandirem sua clientela.
A Shopee, por exemplo, inaugurou recentemente seu primeiro centro de distribuição no Brasil, voltado para o modelo "fulfillment", que armazena e envia produtos de vendedores terceiros. Essa pode ser uma oportunidade para lojistas locais ampliarem seu alcance e competirem em um ambiente digital de maneira estruturada.
O varejo físico não vai desaparecer, mas certamente está passando por uma reinvenção forçada. Quem conseguir se adaptar a essa nova realidade pode encontrar formas de coexistir com gigantes como Shopee, Mercado Livre e Amazon. Para aqueles que insistirem em manter o modelo tradicional sem mudanças, o risco de se tornar mais uma vitrine vazia em ruas comerciais e shoppings, antes movimentados, é cada vez maior.
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